sexta-feira, novembro 16, 2007

Episódio 2.1 - The french connection

O detective continuava calmamente sentado a beber um novo refresco.
- Já voltaste? - Perguntou-me sem a mínima comoção - Pensei que te demorasses mais tempo, mas enquanto foste lá em baixo saiu-me a fava do bolo.
- Que dizes? Não vês que a mulher morreu?
Mais uma vez a lúcida frieza do meu amigo espantou-me. Mesmo explicando pormenorizadamente o seu raciocínio, não consegui acompanhar as deduções mas o certo é que ele tinha-se apercebido através do tipo de movimentos da rapariga que foi a queda de alguém já sem vida.
-E uma morte assim não te choca? - perguntei.
-Preocupo-me com os que ainda estão para morrer! Além do mais foi uma morte de causas naturais que nada tem a ver com o nosso caso. Não fiques assim... Ouve, durante a tua breve ausência passou por aqui um tipo com um tom irritado, francês com um sotaque normando. Pouco disse mas o suficiente para entender que alguém falhou um encontro.
Nessa noite fomos até uma espécie de restaurante japonês fast-food, era ali que novo encontro tinha sido marcado.
Chegámos cedo, pedimos um saké quente aquecendo um pouco os corpos dormentes do frio. Só após mais de uma hora o momento esperado chegou. Um homem e duas mulheres falavam ora preocupados ora divertidos. Ele ia falando francês e português, uma delas só português e a outra só francês. Foi a única coisa que conseguimos perceber dali, mas uma coisa era certa todos se entendiam sempre. Também eles beberam saké mas apenas após a refeição, talvez para os aquecer na caminhada que tomaram de imediato.
Seguimo-los até Belém, talvez algum não conhecesse ou fosse apenas amante do seu pastel típico. Parecia uma visita turística, ainda foram dar um passeio admirando o exterior do Mosteiro dos Jerónimos e seguiram para o jardim de Belém. A certa altura deixámos de os ver. Tinhamo-los perdido. Corremos para o carro, em vão. Percorremos algumas ruas em sua busca mas nada. A certa altura julguei-o toldado da razão, aparentava um ar entre o louco e o demoníaco, levando-nos em vai-vem recorrente num troço de avenida.
-Desculpa - disse ele - já não fazemos nada aqui, é melhor irmos dormir.

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